A energia elétrica chegou a Jacareí em fins do século 19, embalada pelos capitais acumulados na cafeicultura e pelos sonhos de industrialização das cidades do Vale do Paraíba.
Em 25 de agosto de 1895, o empresário Major José Bonifácio de Mattos inaugurou a Companhia Luz Electrica Jacarehyense, que fornecia eletricidade de uma usina movida a carvão para a iluminação pública, lojas e casas na área central da cidade. Foi a primeira experiência de uso de energia elétrica do lugar, substituindo os antigos lampiões de querosene ou carbureto.
Em pouco tempo, a eletricidade se tornou o ingrediente principal para o desenvolvimento de Jacareí, principalmente com a chegada da Estrada de Ferro e dos imigrantes, que estimularam o comércio e as atividades industriais, transformando completamente a vida urbana e as relações sociais. Conta-se que em 1913, o projeto da Prefeitura para o fornecimento de água incluía a retirada de água do Rio Paraíba através de uma bomba elevatória com motor elétrico. Nesse tempo, a força elétrica já movia tecelagens, cotonifícios e outras fábricas que instalavam na cidade.
Essa demanda fez com que, em 1909, o Major Bonifácio de Mattos instalasse uma usina hidrelétrica na Cachoeira do Putim, capaz de fornecer energia para Jacareí e sua vizinha Guararema. A companhia passou a chamar-se, então, Empresa Força e Luz Jacareí-Guararema. Além de produzir e distribuir energia, vendia equipamentos elétricos. Um contrato com a Câmara Municipal de Jacareí reservava-lhe o fornecimento da iluminação pública, mas, apesar dos avanços tecnológicos, os serviços eram insuficientes para atender todas as indústrias, casas e bairros da cidade.
A precariedade da iluminação nas ruas era motivo de grande insatisfação popular. Durante a década de 1910, os representantes da empresa e as autoridades municipais travaram inúmeros embates sobre a questão da energia. Enquanto os vereadores reclamavam maiores investimentos na rede elétrica, o Major Bonifácio de Mattos alegava a falta recursos, atrasos no pagamento e solicitava o aumento nas tarifas ou cancelamento do contrato.
Em 1928, a combalida Empresa Força e Luz Jacareí-Guararema foi comprada pela São Paulo Tramway, Light and Power, companhia canadense que fornecia energia elétrica e serviço de bondes para grande parte das cidades do Estado de São Paulo. Em 1956, um decreto do presidente Juscelino Kubitscheck concedeu nacionalização à companhia, que transferiu sua sede para São Paulo e passou a operar com o nome São Paulo Light S.A. - Serviços de Eletricidade.
Com a instalação da Eletrobrás - Centrais Elétricas Brasileiras S.A em 1962, a produção e distribuição de energia foram sendo absorvidas pelo Estado brasileiro através da instalação de diversas usinas grande porte em todo o país, sob administração federal. Nesse tempo, a Light já unificara suas operações, criando um conglomerado chamado Brascan Limited. Em 1979, a Brascan vendeu suas ações à Eletrobrás, que assumiu o controle do fornecimento de energia elétrica em Jacareí e em outros municípios paulistas.
Em 1981, a parte paulista da Eletrobrás foi transferida ao governo do Estado, sob a coordenação da Eletropaulo, estatal que prestava serviços em todo o território. Na década de 1990, o governo de São Paulo iniciou seu Programa Estadual de Desestatização - PED. Nesse processo, a Eletropaulo foi dividida em quatro empresas menores, que foram oferecidas à iniciativa privada, num regime de concessão para o fornecimento de eletricidade. O bloco de Jacareí integrou a Empresa Bandeirante de Energia. Em 1999, a Bandeirante foi adquirida por um consórcio de empresas liderado pela EDP - Eletricidade de Portugal.